
Você já parou para pensar que muitas despedidas não são portas fechadas, mas os recomeços que precisávamos?
Poderíamos compará-las a janelas que são abertas para o ar entrar e nos permitir respirar. A gente aprende isso quando cansa de caber em espaços que encolhem a nossa coragem. .
No começo, dói. O corpo desaprende rotas, a mente tenta negociar voltas, o coração inventa desculpas. A gente se pega revisitando mensagens antigas, lembrando risos que duraram pouco e explicando para si mesma o que já está explicado. Contudo, chega um momento em que a ficha cai e nós entendemos que a paz que precisávamos não mora no passado.
A autovalorização não é uma prática mágica que aprendemos em cursos de autoajuda, não é um discurso bonito que alguém ensina. Ela é um agir que só depende de nós mesmos. Isso não quer dizer que seja algo simples para todos nós, pois os ciclos de desrespeito aos quais a vida pode nos colocar podem ser difíceis de romper. Mas, o autorrespeito começa com pequenos passos: está no não que você dá por não se sentir a vontade de dizer sim, no hábito novo de não responder mensagens de trabalho no seu momento de descanso, de não insistir em portas que exigem que você esconda se esconda para que outra pessoa possa brilhar ou ainda quando você recusa a assumir o papel de salvadora, porque entendeu que salvamento é decisão pessoal.
Muitas pessoas, aquelas que se acostumaram com a sua eterna disponibilidade dirão que você está sendo egoísta. Contudo, esses seres que sempre pegaram carona na sua gentileza iriam arrumar um jeito de te criticar mesmo que continuasse se autossabotando para servi-los.
Mas o amor-próprio tem uma regra clara: o que me custa a paz sai caro demais. E caro aqui não é dinheiro. É energia. É autoestima. É a alegria com que você acorda ou a exaustão com que se deita.
Não estou falando que ajudar alguém aqui, outro alguém ali não deve ser feito. Aqui a conversa é sobre aquelas relações tóxicas que anulam você para que o outro viva eternamente felizes. Nesses casos, dizer adeus prática de higiene emocional; é um ato de abrir as janelas para que o ar mofo. É aceitar que histórias também têm prazos de validade e que amadurecer é reconhecer quando uma relação parou de nutrir e começou a drenar.
O fim não é simples. Geralmente vem recheado de culpa, do medo e daquela voz interna que diz que você deveríamos aguentar mais um pouco, mesmo quando a gente já aguentou demais.
Um adeus honesto é um recomeço. Pode ser desconfortável no início, porém o tempo nos ensina que as fronteiras bem cuidadas não afastam o amor, selecionam as pessoas que merecem ficar; aquelas que somam, que entendem nossos silêncios, que não precisam nos diminuir para existirem.
Os espaços que ficam podem parecer os que vemos em uma casa que recém alugamos. Eles ficam ali por alguns dias, mas bastam alguns dias para tudo começar a se encaixar e então a vida continua; não com aquela magia de um final de novela e sim com a simplicidade que ela tem de seguir.
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